Para o agora empresário Carlos Eduardo Massafera, diretor do DCE entre 1976 e 1977, o primeiro equívoco foi a assinatura do convênio entre a USP e a PM, em maio, para patrulhamento do campus. O acordo, segundo a análise do ex-líder estudantil, foi fechado em meio à comoção causada pelo assassinato de um estudante dentro da Cidade Universitária, sem debate com a comunidade acadêmica. “A comunidade não conseguiu enxergar o que [a presença da PM] iria representar para a universidade. Se a universidade quer manter sua autonomia, não é desejável um patrulhamento convencional da PM”, opinou Massafera.
A invasão da reitoria da USP foi, para o assessor da Ministério do Meio Ambiente Geraldo Siqueira, uma precipitação. Siqueira foi colega de Massafera na direção do DCE nos anos 1970. Para ele, os invasores não tinham o apoio da maioria dos estudantes. Disse que a reitoria também errou por não insistir na negociação e apoiar a operação policial de retirada dos estudantes. “Foi uma situação bizarra”, resumiu Siqueira. “Uma ação da tropa de choque é, por definição, violenta e ações violentas na universidade só ocorriam na ditadura".
Siqueira disse que, se forem confirmadas as informações de que os danos ao patrimônio da USP foram causados pelos estudantes, estes devem ser responsabilizados. Também criticou a intransigência das lideranças estudantis, que não aceitam negociar com a reitoria. Mas ele acredita que a direção da universidade e as autoridades públicas também têm uma parcela de culpa.“Houve exagero dos estudantes e já ouvi muita gente condenando isso. Só não vi ainda ninguém condenar as autoridades, que têm a obrigação de zelar pela ordem e pela segurança”, disse Siqueira.
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